Brasil e China
A China é, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil. É dela a maior fatia das importações brasileiras, somando 20% do total desse bolo. E nas exportações, o cenário é ainda mais expressivo, chegando a representar 1/3 dos negócios do nosso país.
No último mês de abril, os dois países firmaram acordo e passam a fazer negócios, usando as suas próprias moedas fortalecendo sua relação e independência comercial.
A iniciativa quer fortalecer as relações entre os dois países, abrir mercado para o yuan e tornar as operações comerciais entre ambos, de menor custo, o que não está acontecendo só com o Brasil, mas, com outras economias. Estima- se que a nova forma de relação da moeda chinesa, projete o país nas disputas comerciais e geopolíticas com os Estados Unidos.
Simplificando a relação estabelecida, o novo acordo beneficia a China e o Brasil que passarão a fazer operações financeiras diretamente da moeda brasileira para a chinesa, sem precisar do dólar. O novo processo acarretará em maior liquidez brasileira de yuan e expansão da moeda chinesa em reserva cambial do nosso país.
E a China vem destacando-se, também, como investidor no Brasil, crescendo, só em 2021 cerca de 31% em relação ao investido aqui, no ano anterior. Em contrapartida, nossas exportações para a China, representam muito para a economia brasileira. Nesse cenário, o Banco do Povo da China, divulgou que foi instalado em 2003, o trabalho com a primeira unidade de Clearing Houses em Hong Kong, o que foi ampliado para 25 países, numa crescente necessidade de atender a moeda chinesa em expansão.
Agora, em 2023 será estabelecida uma Clearing Houses aqui, no Brasil. Ela permitirá a compensação direta das divisas aos empresários no país. E nesse processo, haverá troca da moeda chinesa pela moeda local, no mesmo banco.
Notícia boa, não é?
Entretanto, apesar de a China ser o principal destino das exportações brasileiras, excepcionalmente com os produtos do agronegócio, o yuan chinês, conquistou o segundo lugar dentre as moedas mais importantes nas reservas internacionais. O dólar continua sendo a moeda dominante, contabilizando 80% da soma das reservas internacionais brasileiras até o fim do ano de 2022.
Ainda que a iniciativa da China com o Brasil represente um avanço entre os dois países, especialistas consideram que nem todos os exportadores venham aderir a proposta nesse primeiro momento, uma vez que a cotação da maioria dos produtos continua sendo na moeda americana.
Conclui-se que há relevante mobilização chinesa para sua projeção no cenário comercial e geopolítico mundial. De nosso lado, então, fica a expectativa de crescimento no comércio exterior entre os dois países, advindo das recentes iniciativas, numa perspectiva crescente para quem trabalha com comércio exterior brasileiro. É o que muito nos interessa!
Por Edivanio Antonio
Diretor de Marketing na HKTC do Brasil S/A