Opinião

Novo acordo bilateral Brasil x China

IMPACTOS E REPRESENTAÇÃO

A China é o maior parceiro comercial de 140 países, incluindo o Brasil desde 2009. Em 2012, a China tornou-se o principal fornecedor de produtos importados pelo Brasil.

SURGIMENTO DO ACORDO

O acordo da criação de mecanismos de troca direta entre o Yuan (moeda chinesa) e o Real para facilitar transações financeiras entre os dois países, foi proposto em reunião com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo Presidente do Conselho da China Communications Construction Company (CCCC), Wang Tongzhou, a maior empresa de construção civil na China, que também investe em obras de infraestrutura no Brasil.

O acordo na comercialização em yuan não é lei, mas sim uma opção que se mostra como o melhor custo-benefício, não tendo a necessidade de triangulação nos sistemas de operação e conversão ao dólar, podendo optar pela melhor opção entre as moedas (yuan, BRL ou USD) na hora do fechamento de câmbio.

DADOS SOBRE RENMINBI (YUAN)

Segundo relatório divulgado em novembro de 2022 - pelo Banco Central chinês, a China já realiza transações não dolarizadas com 25 países. Entre eles grandes economias como: Alemanha, França, Canadá, Austrália e Catar. Na América do Sul, a China tem acordos com Chile e Argentina.

O Banco BOCOM BBM foi o primeiro a aderir ao CIPS (China Interbank Payment System), que é a alternativa chinesa ao Swift, sendo o primeiro participante direto na América do Sul.

BENEFÍCIOS IMEDIATOS

Redução de custo, esse é o impacto macroeconômico imediato que já começa ocorrer a partir do segundo semestre de 2023.

O acordo contribui ainda mais para o fortalecimento da moeda Yuan, que até 2018 não aparecia nas reservas do Banco Mundial, e hoje já assume a segunda colocação nas reservas mundiais superando até mesmo o Euro ($EUR). O cenário de diferença das moedas, renminbi e USD, tem um lastro gigantesco. A última pesquisa trienal do Bank for International Settlements (BIS), publicada em 2020, mostrou que a moeda norte-americana é utilizada em 88% de todas as transações globais. Já a participação do yuan nos negócios entre países é de 7%.

IMPACTO DA MUNDANÇA NÃO ENVOLVENDO O DÓLAR (USD)

Quanto a um prazo mais extenso do impacto das operações Brasil x China sem inclusão do dólar, não temos precedentes “... as gerações anteriores não assistiram esta mudança de padrão monetário internacional, que significa, mudança política na ordem internacional...” (Elias Jabbour – Escritor e Professor de Economia da Univercidade do Estado do Rio de Janeiro).

Este acordo se estende além do sistema de câmbio, vai de encontro a simplificação nos processos e nas aduanas.

O projeto STS11 no Porto de Santos que inclui o longo prazo e vai também afetar nos custos das operações em sua conclusão.

Um dos mais importantes foi firmado entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Administração-Geral de Aduanas da China, a autoridade alfandegária do país, visando simplificar processos de exportação de carne bovina brasileira para o mercado chinês. Prevendo que os sistemas de informação serão modificados para a introdução de uma plataforma de certificados sanitários digitais, para agilizar o processo, além da elaboração de uma certificação própria para produtos de origem animal.

Nas operações ainda serão levadas em consideração o fato do renminbi (yuan) ser volátil, baixa utilização ou negociação fora de seus países de origem, no ponto de vista do exportador, o que precisa ser definido é se é melhor atrelar o recebimento de suas vendas a uma moeda forte ou ficar sujeito às oscilações do real e do yuan, duas moedas mais voláteis perante o dólar. Essa é a questão mais importante para as negociações.

Por Ismael Barbosa, Assistente de Comércio Exterior na HKTC do Brasil S/A

FONTES https://www.boc.cn/en/investor/

https://www.gov.br/planalto/pt -br/acompanhe -o-planalto/noticias/2023/04/lula -e -xi -jinping assinam -acordos -de -cooperacao -entre -brasil -e -china -em -pequim